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segunda-feira, 25 de abril de 2022

Como é o lockdown na China, por quem mora no país

Alguns amigos tem nos perguntado com frequência sobre a vida aqui na China neste momento de lockdown. Assim, escrever a respeito me pareceu bastante pertinente.

Moro em Changchun, na província de Jilin, localizada no nordeste do país, com uma população de 7 milhões de habitantes. Ela é considerada uma cidade “pequena” para os padrões chineses e estamos em completo lockdown.

Desde que se iniciou a pandemia, em 2020, a China implantou a política de “Zero Tolerância ao Covid”, que significa uma série de medidas restritivas e de tratamentos dos doentes, visando isolar as pessoas que venham a se contaminar de forma a não espalhar o vírus, num momento em que não se sabia nada ainda sobre o Covid e, também, não havia vacina ou medicamento eficaz.

Cada vez que um caso é detectado, o condomínio onde mora esta pessoa já entra em estado de alerta e todos os residentes daquele local são testados. A pessoa infectada é levada ao hospital para tratamento e isolada por, pelo menos, 15 dias. Diversos testes são realizados durante o período. Os contatos próximos são, também, isolados em hospitais de quarentena. Caso apareçam outras pessoas com resultado positivo no condomínio, este é totalmente isolado e bloqueado, num pequeno lockdown. Conforme vão aparecendo outros casos na cidade, começa a valer o estado de atenção e se os números aumentam, os bairros são fechados, os condomínios entram em restrições e até mesmo a cidade entra em lockdown. Se você viajar para uma cidade em que, após seu retorno para casa, apareçam casos, além de você ter que ser testado algumas vezes, terá que fazer um monitoramento de saúde por 14 dias (varia de acordo com a Província). Este monitoramento consiste em você reportar sua temperatura e condição de saúde por um aplicativo ao centro de saúde da região em que mora e evitar sair de casa. 

Como funciona o lockdown? Como os fechamentos são, relativamente, gradativos, as pessoas já começam a se precaver, indo aos supermercados e fazendo os devidos estoques de alimentação e suprimentos, pois sabem que não poderão sair até que os casos cheguem a zero! Algumas vezes, se os números se mantém “estáveis”, um tipo de permissão é emitido e uma pessoa da família pode sair a cada dois dias para fazer compras.  Caso a situação piore, como é o caso do lockdown que estamos vivendo no momento, tudo é completamente bloqueado, comércios são fechados e as comunidades (os condomínios na China são muito grandes, verdadeiros bairros) devem controlar seus residentes. Testes de covid são feitos em 100% das pessoas várias vezes durante o período. A cada dois dias, em média, todos são testados. Em 45 dias de lockdown, já fizemos 20 testes de PCR, além de termos recebido kits de auto teste a cada 3 dias, num total de 32 testes disponibilizados sem qualquer custo, pelo governo. Agora, de uma semana para cá, temos que levar o resultado do auto teste para poder fazer o PCR.

Com relação à alimentação, temos algumas situações distintas. Aqui em Changchun, como o lockdown foi gradativo, houve a possibilidade de nos prepararmos e estocar comida. No início, a cidade sofreu uma semana de desabastecimento. Os chineses tem por hábito se alimentar de muitos legumes, vegetais e frutas, que são itens difíceis de se estocar.  O Gerente de cada condomínio se organiza para ajudar os residentes a comprar os alimentos básicos de fornecedores cadastrados pelo governo e que precisam atender diversos requisitos sanitários. Tudo é devidamente recebido pelo escritório central, desinfetado e liberado para as pessoas retirarem.

 Os chineses são verdadeiramente altruístas de forma geral. Eles não medem esforços para ajudar os outros e aqui no nosso condomínio, trocas de alimentos se tornaram rotina. Ou, se alguém precisa de algum item, basta colocar no grupo de wechat (o whatsapp chinês) que logo alguém se prontifica a ajudar e ceder o alimento necessário. Até mesmo comida para gatos e areia acabou sendo disponibilizado por quem tinha “mais”. Dois de nossos vizinhos, que são médicos, se voluntariaram para testar as pessoas em nosso condomínio, de forma que não recebêssemos os agentes de saúde externos e, com eles, a possibilidade (mesmo que remota) de sermos infectados, além de desafogar esses profissionais que precisam percorrer a cidade, de comunidade em comunidade, e ficam exaustos.

Claro que não é nada fácil ficar por tanto tempo em lockdown. E a regra é clara: enquanto os números não caírem ao nível do que eles consideram “zero”, não podemos ser liberados e correr o risco de sermos infectados e infectar os outros, além de ninguém estar disposto a deixar o “conforto do lar” e ir para um centro de quarentena, que muitas vezes não são bem estruturados. Por causa da velocidade em que tiveram que se organizar desta vez, muitos dos centros estão sendo reportados como em condições muito ruins.  A China é um país de números gigantescos: com quase um bilhão e meio de habitantes, tudo se torna muito complicado caso percam o controle da pandemia. O sistema de saúde entraria em colapso, sem falar na economia que sofreria muito caso a população ativa adoecesse. Não à toa, quando a vacinação começou, os trabalhadores da saúde, da educação e a população produtiva foram privilegiados no recebimento do imunizante. Ainda hoje, os mais velhos são os menos vacinados, assim, estão sofrendo mais contaminações.

Não estamos com uma variante nova. Apenas, e justamente por causa dessa política de controle do vírus, a omicron só chegou agora no país, sendo a onda que já está no mundo há um certo tempo.

Sobre o lockdown de Shanghai, uma das mais importantes cidades do país, economicamente falando, a situação é bem complicada, pois o anúncio de fechar e isolar toda a cidade foi feito sem aviso prévio, já que em dois dias os casos aumentaram demais.  Assim, os cidadãos não estavam preparados para ficarem trancados. Muitos relatos de pessoas passando privação de alimentação (como não houve um planejamento, não houve preparo na cidade como um todo e o desabastecimento foi bastante severo). Shanghai tem quase 30 milhões de habitantes, então tudo lá é gigantesco. Os centros de quarentena centralizados para quem está assintomático estão, segundo os relatos, em condições bem precárias. As pessoas estão em um nível de stress muito alto com a situação e estão entrando em certo conflito com as autoridades, o que não é muito comum de se ver por aqui.

A esperança é a de que as políticas sejam revistas e que medidas adequadas à realidade do país e condizentes com os achados da ciência, que mantenham a segurança não só física, mas também a mental, sejam encontradas e que todos possam retornar às suas vidas e conviver de forma saudável com este inevitável vírus.






















quarta-feira, 9 de março de 2022

Changbaishan - A linda região de montanha na Província de Jilin, China

Um belo passeio para se fazer na Província de Jilin, na China, é conhecer a área de montanhas Changbaishan. Aproveita-se tanto no inverno, que é quando abre a temporada de esqui e resorts para atividades de neve, como no verão, quando você pode fazer trilhas, caminhadas, raftings, além de conseguir ter uma vista linda do lago do Céu (ou Lago Celestial)  que fica no pico mais alto, o monte Changbai, com seus 2.691m de altitude. 

Esta área é a principal cordilheira do nordeste da Ásia e se estende da província de Heilongjiang, passando por Jilin e vai até Liaoning, avançando pela República Democrática da Coréia do Norte, na área de Cijiang. Do lado chinês do lago você avista a fronteira. 

A principal estrela da região, o lago do Céu (ou lago Celestial - Tianchi em mandarim), de um tom de azul profundo lindo, fica no pico mais alto,  formado em uma cratera de um vulcão adormecido que teve sua última atividade em 1702. Ele é considerado o lago de formação vulcânica mais alto do mundo e possui 13 km de diâmetro. Porém, não se pode andar em toda a sua volta, visto que parte está localizada no território da Coréia do Norte. Várias lendas sobre monstros que habitavam as águas do lago são passadas de geração para geração, mesmo entre os coreanos. 


Vários hotéis ao estilo hot springs se instalaram na região, aproveitando as águas quentes e de propriedades medicinais que chegam a atingir 60 graus celsius. Diversas piscinas para banhos termais estão disponíveis, mesmo quando as temperaturas estão bem abaixo de zero. Você já se imaginou fazendo rafting quando a temperatura do ar está a 30 graus negativos? No rio Lusui isto é possível, pois ele nunca congela!  Vale a experiência. 

As cidades mais próximas são Erdo Town, Antu County, Fusong e Changbai. Nelas, você encontra os melhores resorts e toda a estrutura para atender os turistas que visitam a região. 


A área da montanha de Changbai está dividita em quatro regiões: norte, oeste, sul e leste. A parte sul é fechada aos visitantes por ser área de proteção ambiental, a leste pertence à Coréia do Norte. Somente a Sul e a Oeste podem ser visitadas e há sempre ônibus disponibilizados para o transporte dos hóspedes. As duas áreas possuem lindas áreas de natureza exuberante, bem como hot springs naturais. Se você quiser ir de um lado para o outro, tenha em conta que precisará de 01 hora e meia de carro para fazer o trajeto. 

Basicamente, as diferenças entre os dois lados são: 

Norte: tem a infraestrutura mais voltada ao turismo em massa, possui cachoeiras, hot springs e você consegue acessar o Lago Celestial por carro. Não há resorts de esqui deste lado. Na Valley Forest encontra-se a nascente do rio Songhua, que é o mais importante rio na região nordeste da China. 


Oeste:  é a área recomendada se você quiser esquiar e a menos cheia de turistas. Os excelentes resorts para esqui estão neste lado da montanha.  Apesar de ter uma vila bem charmosa com toda a infraestrutura para os turistas, a área é menos conhecida por ter sido desenvolvida recentemente. Você precisará subir 1400 degraus para chegar ao lago, mas é a melhor vista que se pode ter como recompensa! É deste lado que você acessa o vale Jinjiang Grand Canyon, em que, no inverno,  há o "reino" de gelo, com a floresta encantada congelada. Em outras estações, renasce uma linda área de floresta colorida para se apreciar a natureza e praticar esportes de verão. 

Chega-se facilmente a Changbaishan por avião, já que a cidade conta com um aeroporto, além de estar conectada com as grandes cidades do nordeste da China por excelentes estradas. O trem bala faz o percurso, de pouco mais de 300km entre a cidade e a capital da Província, Changchun, em cerca de 2:20h.

Enfim, uma região linda a ser exporada e desfrutada! 



quer uma carona para cima??




quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

O Ano Novo Chinês e suas tradições - 2022 é o Ano do Tigre

Estamos nos aproximando do início do ano novo chinês que, em 2022, começa no dia 01 de fevereiro e será regido pelo Tigre, de acordo com o zodíaco chinês.
Morar na China nos dá a oportunidade de conhecer de perto as minúcias desta cultura tão peculiar e vivenciar tradições diversas.

O país adota o calendário lunar, por isso essa diferença de datas para o início do ano. Para quem não está familiarizado,  fica um pouco confusa essa diferença de datas, visto que internacionalmente, na maioria dos países, utiliza-se o calendário gregoriano que não sofre a influência dos astros para a contagem dos dias. Já o calendário lunar chinês é baseado nos ciclos da lua e do sol (também conhecido como lunissolar) e tem um "atraso" de 21 a 51 dias em relação ao gregoriano. 
O ano novo chinês é determinado pelo primeiro dia da lua nova, geralmente a segunda após o solstício de inverno. 


figura by LTL Mandarim

Uma lenda popular diz que a comemoração do ano novo teria mais de 3 mil anos, quando uma besta chamada Nian (cuja pronúncia é a mesma que "ano 年" em mandarim) aparecia na véspera do primeiro dia da 2a  lua nova após o solstício do inverno para comer as pessoas e as comidas estocadas para sustento das famílias. Para afugentar o monstro,  passaram a colocar papel vermelho e queimar bambu, acender velas e vestir roupas vermelhas. Nian, amedrontado, fugiu e não apareceu mais. Assim, a tradição se mantém até hoje. 

Esta é uma data muito importante e de muito significado para as famílias, pois é quando acontece a reaproximação entre as pessoas. É a época de reencontro daqueles que estão morando em outras cidades, seja a trabalho ou para estudar. Eu diria que é o equivalente ao nosso Natal. 

Todos viajam para suas cidades de origem. Assim, o país vive números bem interessantes: é o maior movimento anual  de pessoas do planeta, já que as comemorações duram cerca de 16 dias, sendo o primeiro na véspera da virada do ano  e terminando no 15o dia, com o Festival das Lanternas. Este ano, estima-se que 1.15 bilhões de viagens sejam realizadas. Número alto? Sim, mas 60% abaixo do número pré pandemia. 

As preparações para as festividades se iniciam algumas semanas antes, com algumas tradições que se repetem por gerações. São elas: 

- Laba Festival - comemorado no 8o. dia do décimo segundo mês lunar. As famílias se sentam para fazer a oferenda para seus ancestrais e comerem o mingau típico desta festividade que é composto por diversos cereais cozidos juntos. Nesta celebração, pede-se por uma boa colheita, um ano novo de abundância e saúde para a família. 

- Pequeno Ano - marca o início da preparação para a chegada do ano novo. A partir deste dia, as pessoas começam a preparar as comidas, a limpar as casas, preparar o que for necessário. É o dia de dar adeus ao ano que fica para trás. No nordeste da china, a data cai no 23o. dia do 12o. mês do calendário lunar e, no sul, cai no 24o. dia.  

- Limpeza da casa - as velhas coisas ficam no ano que se passou e é dia de tirar a poeira do lugar! 

- Compras de Ano Novo -  semana do dia 25 ao dia 30 de janeiro - os presentes são comprados para todos os membros da família de maneira generosa, assim como as decorações para enfeitar as casas 

- Noite do ano novo (o nosso 'reveillon') - em 2022 será comemorado no dia 31 de janeiro do calendário internacional. As casas são decoradas com lanternas e com faixas com dizeres de sorte que servem também para afastar maus espíritos, as quais são colocadas nas portas das casas. O animal do ano - em 2022 o Tigre - está presente nas decorações. Nesta celebração, comidas são oferecidas aos ancestrais e a família se reune para o jantar. Assistir ao programa de Gala da televisão chinesa é muito tradicional e, ainda hoje, a audiência é grande. As crianças ganham um "envelope vermelho" (vermelho é a cor da sorte na China, muito tradicional) com dinheiro de seus pais, avós ou familiares. É o dinheiro da sorte!  Muitos economizam o ano todo para dar este envelope "bem recheado" às suas crianças. 

- 1o. dia do Ano Novo - há uma linda festa com fogos de artifícios por todos os lugares na virada do ano. Na verdade, para desespero de muitos, os fogos já começam a ser soltos uma semana antes e se mantém por dias após (já há regulamentação em lei e não é mais permitido soltar fogos em qualquer área da cidade, somente nas regiões destinadas para tal).   Mas é muito tradicional assistir junto com a família aos fogos que quanto mais altos e barulhentos mais trarão sorte e bonança. Em algumas partes do país, por tradição, esses fogos duram até o 3o. dia do novo ano. 

Vestir uma roupa nova no primeiro dia do ano é mandatório! Ficar bonito para a chegada do ano é parte da tradição. Assim, visita-se as casas dos familiares para desejar-lhes "Gongxi" (恭喜) - saudação usada para dar os votos felizes para o ano que chega! 

- 2o dia - Um fato bem curioso é que esta é a data para as filhas casadas visitarem suas famílias. Essa tradição é muito ligada à história da sociedade chinesa, em que as mulheres passam a ser "propriedade" da família dos maridos. Antigamente, essa era uma das poucas datas em que elas eram autorizadas a visitar a "antiga família". Hoje, com a modernização da sociedade e facilidade de deslocamento, já não é mais tão assim. Contudo, a data se mantém! 

Nos dias que se seguem, comemorações diversas acontecem pelo país, como a dança dos leões e dragões, oferendas aos ancestrais, visitação a parentes e amigos, terminando com o Festival das Lanternas em que, por tradição, os dumplings são servidos às famílias e as lanternas são lançadas aos rios em toda a China. 


Ao mesmo tempo que são festividades tão diferentes das nossas, elas compartilham, de certa maneira, de crenças e hábitos que comemoramos em outras datas. 
E que venha o ano do Tigre para nos dar força, afastar os maus espíritos e nos dar bravura para enfrentar as dificuldades vindouras. Os chineses acreditam que o ano do Tigre é um bom ano, um ano de sorte!

Convidamos amigos chineses que não puderam viajar e visitar suas famílias para celebrarem conosco a a chegada de 2021


Fontes: China Highlights ; Bloomberg

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Xangai - O sentimento de pertencer a algum lugar

Viajar pela China sempre nos traz boas surpresas e visitar Xangai, um de meus locais preferidos, é sempre uma experiência agradável. Não é uma cidade que você consiga descrever em um, dois ou três artigos. Ela é tão cheia de vida, de peculiaridades que, cada vez que a visito, a vejo com diferentes olhos. E, desta vez, estou aqui explorando cantos diferentes da cidade mais internacional que a China tem.  

Morar em um país de cultura tão diferente da sua tem lá seus desafios. Mesmo que você se adapte bem, o que de fato aconteceu comigo e com minha família quando nos mudamos para Changchun (aqui na China), o sentimento de passar por algum lugar e, inesperadamente, sentir o aroma a que você está acostumado desde criança, seja ele de um café, de um pão sendo assado ou os perfumes nas pessoas,  e te remeter ao ocidente, à sua casa, é inexplicável. A memória olfativa está ali, cumprindo a função dela e nos trazendo as mais doces recordações de nossa casa, de nossas raízes. Está aí estabelecida sua conexão com o lugar! Comer uma comida com o sabor e tempero de "casa" é uma delícia. Talvez quem more em qualquer país da Europa ou das Américas não consiga ter este sentimento ou me entender muito bem, pois, de uma forma ou de outra, nossas culturas estão interligadas. Ainda mais para nós, brasileiros, que descendemos de vários povos e temos no Brasil essa miscigenação de culturas. Em outros países, logo encontramos algo que nos remeta ao Brasil. Morar na China não é assim.  O mundo do chinês é um lugar à parte, quase que impenetrável (pelo menos por enquanto) para as culturas ocidentais. 


As comidas, bebidas, cheiros e até a expressão corporal dos chineses são próprios do país. Nada que seja típico ou genuinamente chinês te remete às suas origens. Mas, se tem um lugar na China que consegue despertar isso em mim, este lugar é Xangai. O sentimento de pertencimento aparece quando estou na cidade. A começar pelas cafeterias, pelo jeito das pessoas se relacionarem - aqui se vê casais de mãos dadas manifestando carinho em público, o que não é nada comum na sociedade chinesa de forma geral. Ultimamente, os mais jovens estão começando a mudar um pouco este comportamento, mas ainda está longe do que conhecemos em termos de "vou passear de mãos dadas com meu amor". Beijinhos em público, nem pensar! Mas, Xangai é diferente. Se você vier morar no país e disser que morou todo o tempo em Xangai, você não morou na China!

Embora se tenha, claro, uma sociedade bem tradicional ainda, principalmente nos bairros mais distantes, ainda assim não é como em outras cidades. E olha que já visitei muitos cantos deste gigante país!!!!


Por causa da sua histórica trajetória de relação mais estreita com países europeus no seu passado, a cidade sempre foi muito mais ocidentalizada do que o restante da China. Na primeira guerra do ópio (1839 a 1842), os ingleses, após derrotarem os chineses, conseguiram que Xangai se tornasse livre ao comércio internacional. Após os ingleses, apoiados pelos franceses, derrotarem novamente os chineses na segunda guerra do ópio (1856 a 1860), ela passou a ser administrada pelos ocidentais. Xangai foi então dividida entre franceses, ingleses, americanos e, mais tarde, entre os japoneses que se juntaram aos demais depois da primeira guerra sino japonesa. A sociedade chinesa local viu essa administração internacional com bons olhos, visto que a vida deles em relação ao restante do país melhorou significativamente. Com algumas guerras com japoneses e outros conflitos mais tarde, além da chegada do Partido Comunista Chinês ao poder, os estrangeiros foram expulsos da cidade, mas não foi tirada dela a característica única de polo international, cultural e financeiro que havia se tornado. Desde então, Xangai é uma cidade que cresce e se desenvolve a cada ano. De uma vila de pescadores a coração da China, sendo atualmente a cidade mais rica do país (considerando-se o PIB) ela está lá, linda, vibrante -como costumo dizer - e com seus edifícios ora magníficos e modernos, ora um pouco bregas (cheios de detalhes e indefinição arquitetônica). Também tem a tradição chinesa em seus cantinhos, a influência estrangeira, enfim, tudo junto e misturado.

Cá estou eu em Xangai me ocidentalizando um pouquinho, curtindo as feiras de Natal, os enfeites de encher os olhos, as comidas, os cheiros, a correria da cidade grande; enfim, me sentindo pertencer a algum lugar e contando tudo isso para vocês antes que as férias terminem.






Jing'an Park

Templo Jing'an
Entrada do Templo que deu o nome à área: Jing'an

a moderna área do Jing'an Temple


prédio na área da Concessão Francesa




vista do hotel - West Nanjin Road



Zhongshan Parg - Changning District








o tradicional Templo Jing'an no meio da cidade, dividindo espaço com o moderno


e os chineses estão começando a gostar de comemorar o Natal



edifícios de "gosto duvidoso" até ajudam a compor a beleza e singularidade da cidade


e lá está ela: a Pearl Tower do outro lado do rio...














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