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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Vida de nômade tibetano em Xiahe - Gansu Province, China

Estou eu aqui, em minhas viagens pela China, e tenho que te fazer uma pergunta: Você já pensou alguma vez em tentar viver, mesmo que por alguns dias, a vida de um nômade? 


O lado bom de morar em outro país nos permite viver algumas experiências bem diferentes como esta. A China, com suas diversas facetas, também te proporciona viver isso. Num país de tantas tradições e de tantas minorias étnicas, a possibilidade de você poder vivenciar a experiência que apenas alguns grupos muito distantes da sua cultura tem, é uma realidade por aqui. E, devo dizer, algo muito interessante, curioso e rico. 


E lá fomos nós... Na província de Gansu, no platô tibetano de Qinghai, a 2900m de altitude, está o pequeno condado de Xiahe, com suas paisagens compostas por lindos vales, montanhas, verdes pastagens que são características desta área, é conhecido como "Pequeno Tibete".  Um acampamento de luxo, chamado Norden Camp, impecável, com funcionários extremamente solícitos e simpáticos te recebem com um chá e um sorriso para amenizar o desconforto inicial da altitude elevada. 


Primeiro, nós que somos totalmente urbanos, claro que escolhemos uma acomodação mais "confortável" e próxima ao nosso modo de vida.  Dentre os vários tipos de cabanas feitas com pele de iaque, um tipo de bovino grande e peludo que vive em terras altas e frias no platô tibetano da China, nós preferimos ficar em uma cabana de madeira, muito confortável e espaçosa, que não era exatamente o tipo de casa dos nômades mas nosso espírito de povo da cidade falou mais alto. Claro que havia um porém, afinal de contas fomos lá à procura de experimentar a vida de nômade, não é? 


Em nossa casa não havia água encanada. A pia do banheiro era uma tina com água limpa e uma bacia onde lavávamos o rosto. Uma outra tina para a água usada ficada ao lado. Nem o banheiro tinha uma descarga. Um belo buraco sob um assento confortável de um toilete comum fazia as vezes de esgoto, jogando os dejetos imediatamente do lado de fora da cabana. Quando você terminava de usar, bastava despejar umas conchas da terra que ficava disponível em um balde dentro do seu banheiro e pronto, tudo devidamente enterrado! Duas vezes ao dia um funcionário do acampamento passava recolhendo tudo. Desconfortável? Inusitado, no mínimo... Dessa experiência, o pior eram as moscas verdes que se amontoavam no "produto" e voavam buraco acima, entrando no seu banheiro... Ah, é natureza que se fala, né? No primeiro dia, era até divertido, no segundo, já nem tanto... no terceiro, eu estava irritada com as moscas! 


nossa "casa"

O banho era tomado em uma casa de banho central, no meio do campo. Os banheiros extremamente limpos mais pareciam aqueles hotéis rústicos de luxo. Muito bom! Um pequeno riacho corria por trás da casa de banho. 

Os restaurantes são, também, acomodados em tendas e a comida deliciosa. 
Várias atividades ao ar livre são oferecidas e a diversão é garantida para todas as idades. 

restaurante 

A paisagem é de tirar o fôlego e à noite uma enorme fogueira com cantoria no dialeto local ilumina a noite. Nada mal! Confira o vídeo: 


As pastagens típicas, formadas por grandes áreas de gramas recortadas por riachos compõem o cenário. 



Nos arredores, na pequena cidade,  está o grande lamastério de Labrang que é um dos seis grandes lamastérios da linhagem budista Guelupa. Ali, também funciona a Universidade Budista da Província de Gansu. Sobre o local, farei um post especial e exclusivo. 

Sobre a vida dos nômades tibetanos, eles têm vivido desta maneira desde os mais remotos tempos e se orgulham da vida que levam, como seus antepassados. Muitos, nem o mandarim falam.  Vivem da criação de Iaques, da venda de produção manual de alimentos derivados do leite dos animais, da colheita. No inverno, migram para os platôs a procura de temperaturas mais amenas, trazendo seus rebanhos. No verão, sobem de volta a montanha com toda a família e animais em busca de pasto e grama abundante para alimentar o rebalho. De uma década para cá, o governo tem feito um movimento em melhorar a condição de vida dessas pessoas, provendo vilas de inverno com infraestrutura e saneamento para que possam ter mais conforto durante a estação. Também, por causa da política de obrigar todos os pais a colocarem as crianças nas escolas por todo o país, os nômades estão se vendo obrigados a migrarem para locais em que seus filhos tenham condições de estudar. Porém, essa população não se agrada com isso. Por terem a tradição enraizada fortemente em seus estilos de vida, eles tem a preocupação de que, com a modernidade, essas tradições se percam. Assim, não se agradam com o progresso da região, que traz não só ótima infraestrutura de transportes mas também o aumento turistas em busca de conhecer o "diferente". 

Eu, que gosto de natureza, adorei. Claro, tirando a parte das moscas.... Mesmo assim, já quero voltar! ;-) 


Acampamento nômade dos locais 

Lamastério Lambrang 

tudo, na região, é escrito no dialeto tibetano






preparando a fogueira! 


Vilas nômades de inverno 

um dos restaurantes 



















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