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quarta-feira, 9 de março de 2022

Changbaishan - A linda região de montanha na Província de Jilin, China

Um belo passeio para se fazer na Província de Jilin, na China, é conhecer a área de montanhas Changbaishan. Aproveita-se tanto no inverno, que é quando abre a temporada de esqui e resorts para atividades de neve, como no verão, quando você pode fazer trilhas, caminhadas, raftings, além de conseguir ter uma vista linda do lago do Céu (ou Lago Celestial)  que fica no pico mais alto, o monte Changbai, com seus 2.691m de altitude. 

Esta área é a principal cordilheira do nordeste da Ásia e se estende da província de Heilongjiang, passando por Jilin e vai até Liaoning, avançando pela República Democrática da Coréia do Norte, na área de Cijiang. Do lado chinês do lago você avista a fronteira. 

A principal estrela da região, o lago do Céu (ou lago Celestial - Tianchi em mandarim), de um tom de azul profundo lindo, fica no pico mais alto,  formado em uma cratera de um vulcão adormecido que teve sua última atividade em 1702. Ele é considerado o lago de formação vulcânica mais alto do mundo e possui 13 km de diâmetro. Porém, não se pode andar em toda a sua volta, visto que parte está localizada no território da Coréia do Norte. Várias lendas sobre monstros que habitavam as águas do lago são passadas de geração para geração, mesmo entre os coreanos. 


Vários hotéis ao estilo hot springs se instalaram na região, aproveitando as águas quentes e de propriedades medicinais que chegam a atingir 60 graus celsius. Diversas piscinas para banhos termais estão disponíveis, mesmo quando as temperaturas estão bem abaixo de zero. Você já se imaginou fazendo rafting quando a temperatura do ar está a 30 graus negativos? No rio Lusui isto é possível, pois ele nunca congela!  Vale a experiência. 

As cidades mais próximas são Erdo Town, Antu County, Fusong e Changbai. Nelas, você encontra os melhores resorts e toda a estrutura para atender os turistas que visitam a região. 


A área da montanha de Changbai está dividita em quatro regiões: norte, oeste, sul e leste. A parte sul é fechada aos visitantes por ser área de proteção ambiental, a leste pertence à Coréia do Norte. Somente a Sul e a Oeste podem ser visitadas e há sempre ônibus disponibilizados para o transporte dos hóspedes. As duas áreas possuem lindas áreas de natureza exuberante, bem como hot springs naturais. Se você quiser ir de um lado para o outro, tenha em conta que precisará de 01 hora e meia de carro para fazer o trajeto. 

Basicamente, as diferenças entre os dois lados são: 

Norte: tem a infraestrutura mais voltada ao turismo em massa, possui cachoeiras, hot springs e você consegue acessar o Lago Celestial por carro. Não há resorts de esqui deste lado. Na Valley Forest encontra-se a nascente do rio Songhua, que é o mais importante rio na região nordeste da China. 


Oeste:  é a área recomendada se você quiser esquiar e a menos cheia de turistas. Os excelentes resorts para esqui estão neste lado da montanha.  Apesar de ter uma vila bem charmosa com toda a infraestrutura para os turistas, a área é menos conhecida por ter sido desenvolvida recentemente. Você precisará subir 1400 degraus para chegar ao lago, mas é a melhor vista que se pode ter como recompensa! É deste lado que você acessa o vale Jinjiang Grand Canyon, em que, no inverno,  há o "reino" de gelo, com a floresta encantada congelada. Em outras estações, renasce uma linda área de floresta colorida para se apreciar a natureza e praticar esportes de verão. 

Chega-se facilmente a Changbaishan por avião, já que a cidade conta com um aeroporto, além de estar conectada com as grandes cidades do nordeste da China por excelentes estradas. O trem bala faz o percurso, de pouco mais de 300km entre a cidade e a capital da Província, Changchun, em cerca de 2:20h.

Enfim, uma região linda a ser exporada e desfrutada! 



quer uma carona para cima??




sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Xangai - O sentimento de pertencer a algum lugar

Viajar pela China sempre nos traz boas surpresas e visitar Xangai, um de meus locais preferidos, é sempre uma experiência agradável. Não é uma cidade que você consiga descrever em um, dois ou três artigos. Ela é tão cheia de vida, de peculiaridades que, cada vez que a visito, a vejo com diferentes olhos. E, desta vez, estou aqui explorando cantos diferentes da cidade mais internacional que a China tem.  

Morar em um país de cultura tão diferente da sua tem lá seus desafios. Mesmo que você se adapte bem, o que de fato aconteceu comigo e com minha família quando nos mudamos para Changchun (aqui na China), o sentimento de passar por algum lugar e, inesperadamente, sentir o aroma a que você está acostumado desde criança, seja ele de um café, de um pão sendo assado ou os perfumes nas pessoas,  e te remeter ao ocidente, à sua casa, é inexplicável. A memória olfativa está ali, cumprindo a função dela e nos trazendo as mais doces recordações de nossa casa, de nossas raízes. Está aí estabelecida sua conexão com o lugar! Comer uma comida com o sabor e tempero de "casa" é uma delícia. Talvez quem more em qualquer país da Europa ou das Américas não consiga ter este sentimento ou me entender muito bem, pois, de uma forma ou de outra, nossas culturas estão interligadas. Ainda mais para nós, brasileiros, que descendemos de vários povos e temos no Brasil essa miscigenação de culturas. Em outros países, logo encontramos algo que nos remeta ao Brasil. Morar na China não é assim.  O mundo do chinês é um lugar à parte, quase que impenetrável (pelo menos por enquanto) para as culturas ocidentais. 


As comidas, bebidas, cheiros e até a expressão corporal dos chineses são próprios do país. Nada que seja típico ou genuinamente chinês te remete às suas origens. Mas, se tem um lugar na China que consegue despertar isso em mim, este lugar é Xangai. O sentimento de pertencimento aparece quando estou na cidade. A começar pelas cafeterias, pelo jeito das pessoas se relacionarem - aqui se vê casais de mãos dadas manifestando carinho em público, o que não é nada comum na sociedade chinesa de forma geral. Ultimamente, os mais jovens estão começando a mudar um pouco este comportamento, mas ainda está longe do que conhecemos em termos de "vou passear de mãos dadas com meu amor". Beijinhos em público, nem pensar! Mas, Xangai é diferente. Se você vier morar no país e disser que morou todo o tempo em Xangai, você não morou na China!

Embora se tenha, claro, uma sociedade bem tradicional ainda, principalmente nos bairros mais distantes, ainda assim não é como em outras cidades. E olha que já visitei muitos cantos deste gigante país!!!!


Por causa da sua histórica trajetória de relação mais estreita com países europeus no seu passado, a cidade sempre foi muito mais ocidentalizada do que o restante da China. Na primeira guerra do ópio (1839 a 1842), os ingleses, após derrotarem os chineses, conseguiram que Xangai se tornasse livre ao comércio internacional. Após os ingleses, apoiados pelos franceses, derrotarem novamente os chineses na segunda guerra do ópio (1856 a 1860), ela passou a ser administrada pelos ocidentais. Xangai foi então dividida entre franceses, ingleses, americanos e, mais tarde, entre os japoneses que se juntaram aos demais depois da primeira guerra sino japonesa. A sociedade chinesa local viu essa administração internacional com bons olhos, visto que a vida deles em relação ao restante do país melhorou significativamente. Com algumas guerras com japoneses e outros conflitos mais tarde, além da chegada do Partido Comunista Chinês ao poder, os estrangeiros foram expulsos da cidade, mas não foi tirada dela a característica única de polo international, cultural e financeiro que havia se tornado. Desde então, Xangai é uma cidade que cresce e se desenvolve a cada ano. De uma vila de pescadores a coração da China, sendo atualmente a cidade mais rica do país (considerando-se o PIB) ela está lá, linda, vibrante -como costumo dizer - e com seus edifícios ora magníficos e modernos, ora um pouco bregas (cheios de detalhes e indefinição arquitetônica). Também tem a tradição chinesa em seus cantinhos, a influência estrangeira, enfim, tudo junto e misturado.

Cá estou eu em Xangai me ocidentalizando um pouquinho, curtindo as feiras de Natal, os enfeites de encher os olhos, as comidas, os cheiros, a correria da cidade grande; enfim, me sentindo pertencer a algum lugar e contando tudo isso para vocês antes que as férias terminem.






Jing'an Park

Templo Jing'an
Entrada do Templo que deu o nome à área: Jing'an

a moderna área do Jing'an Temple


prédio na área da Concessão Francesa




vista do hotel - West Nanjin Road



Zhongshan Parg - Changning District








o tradicional Templo Jing'an no meio da cidade, dividindo espaço com o moderno


e os chineses estão começando a gostar de comemorar o Natal



edifícios de "gosto duvidoso" até ajudam a compor a beleza e singularidade da cidade


e lá está ela: a Pearl Tower do outro lado do rio...














quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Vida de nômade tibetano em Xiahe - Gansu Province, China

Estou eu aqui, em minhas viagens pela China, e tenho que te fazer uma pergunta: Você já pensou alguma vez em tentar viver, mesmo que por alguns dias, a vida de um nômade? 


O lado bom de morar em outro país nos permite viver algumas experiências bem diferentes como esta. A China, com suas diversas facetas, também te proporciona viver isso. Num país de tantas tradições e de tantas minorias étnicas, a possibilidade de você poder vivenciar a experiência que apenas alguns grupos muito distantes da sua cultura tem, é uma realidade por aqui. E, devo dizer, algo muito interessante, curioso e rico. 


E lá fomos nós... Na província de Gansu, no platô tibetano de Qinghai, a 2900m de altitude, está o pequeno condado de Xiahe, com suas paisagens compostas por lindos vales, montanhas, verdes pastagens que são características desta área, é conhecido como "Pequeno Tibete".  Um acampamento de luxo, chamado Norden Camp, impecável, com funcionários extremamente solícitos e simpáticos te recebem com um chá e um sorriso para amenizar o desconforto inicial da altitude elevada. 


Primeiro, nós que somos totalmente urbanos, claro que escolhemos uma acomodação mais "confortável" e próxima ao nosso modo de vida.  Dentre os vários tipos de cabanas feitas com pele de iaque, um tipo de bovino grande e peludo que vive em terras altas e frias no platô tibetano da China, nós preferimos ficar em uma cabana de madeira, muito confortável e espaçosa, que não era exatamente o tipo de casa dos nômades mas nosso espírito de povo da cidade falou mais alto. Claro que havia um porém, afinal de contas fomos lá à procura de experimentar a vida de nômade, não é? 


Em nossa casa não havia água encanada. A pia do banheiro era uma tina com água limpa e uma bacia onde lavávamos o rosto. Uma outra tina para a água usada ficada ao lado. Nem o banheiro tinha uma descarga. Um belo buraco sob um assento confortável de um toilete comum fazia as vezes de esgoto, jogando os dejetos imediatamente do lado de fora da cabana. Quando você terminava de usar, bastava despejar umas conchas da terra que ficava disponível em um balde dentro do seu banheiro e pronto, tudo devidamente enterrado! Duas vezes ao dia um funcionário do acampamento passava recolhendo tudo. Desconfortável? Inusitado, no mínimo... Dessa experiência, o pior eram as moscas verdes que se amontoavam no "produto" e voavam buraco acima, entrando no seu banheiro... Ah, é natureza que se fala, né? No primeiro dia, era até divertido, no segundo, já nem tanto... no terceiro, eu estava irritada com as moscas! 


nossa "casa"

O banho era tomado em uma casa de banho central, no meio do campo. Os banheiros extremamente limpos mais pareciam aqueles hotéis rústicos de luxo. Muito bom! Um pequeno riacho corria por trás da casa de banho. 

Os restaurantes são, também, acomodados em tendas e a comida deliciosa. 
Várias atividades ao ar livre são oferecidas e a diversão é garantida para todas as idades. 

restaurante 

A paisagem é de tirar o fôlego e à noite uma enorme fogueira com cantoria no dialeto local ilumina a noite. Nada mal! Confira o vídeo: 


As pastagens típicas, formadas por grandes áreas de gramas recortadas por riachos compõem o cenário. 



Nos arredores, na pequena cidade,  está o grande lamastério de Labrang que é um dos seis grandes lamastérios da linhagem budista Guelupa. Ali, também funciona a Universidade Budista da Província de Gansu. Sobre o local, farei um post especial e exclusivo. 

Sobre a vida dos nômades tibetanos, eles têm vivido desta maneira desde os mais remotos tempos e se orgulham da vida que levam, como seus antepassados. Muitos, nem o mandarim falam.  Vivem da criação de Iaques, da venda de produção manual de alimentos derivados do leite dos animais, da colheita. No inverno, migram para os platôs a procura de temperaturas mais amenas, trazendo seus rebanhos. No verão, sobem de volta a montanha com toda a família e animais em busca de pasto e grama abundante para alimentar o rebalho. De uma década para cá, o governo tem feito um movimento em melhorar a condição de vida dessas pessoas, provendo vilas de inverno com infraestrutura e saneamento para que possam ter mais conforto durante a estação. Também, por causa da política de obrigar todos os pais a colocarem as crianças nas escolas por todo o país, os nômades estão se vendo obrigados a migrarem para locais em que seus filhos tenham condições de estudar. Porém, essa população não se agrada com isso. Por terem a tradição enraizada fortemente em seus estilos de vida, eles tem a preocupação de que, com a modernidade, essas tradições se percam. Assim, não se agradam com o progresso da região, que traz não só ótima infraestrutura de transportes mas também o aumento turistas em busca de conhecer o "diferente". 

Eu, que gosto de natureza, adorei. Claro, tirando a parte das moscas.... Mesmo assim, já quero voltar! ;-) 


Acampamento nômade dos locais 

Lamastério Lambrang 

tudo, na região, é escrito no dialeto tibetano






preparando a fogueira! 


Vilas nômades de inverno 

um dos restaurantes 



















Em destaque:

Viagem pela China - de Changchun a Xi'an, passando por Nanjing, Chengdu e outros lugares incríveis

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