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sábado, 14 de agosto de 2021

O que não sabíamos sobre Os Guerreiros de Terracota de Xi'an

Quando falamos em China mundo afora, uma das primeiras lembranças que nos vem à mente, além das famosas lanternas, dos Kuaizi ('pauzinhos' de bamboo usados para comer),  são as dos Guerreiros de Terracota de Xi'an. Certo? Bem, até aí, eu também tinha essa imagem na minha mente e tinha uma curiosidade em conhecer o local onde essas estátuas foram encontradas. Ponto. 

Já que viajar pela Rota da Seda incluia a cidade de Xi'an (da qual falarei em um post todinho dedicado a ela), província de Shaanxi, fomos, então, conhecer os famosos Senhores de Barro. Minha expectativa era mediana, nem baixa nem alta. Mas, como estar na China e não conhecer um dos famosos ícones chineses de fama internacional?? Vamos lá então....

O primeiro imperador Chinês, Qin Shi Huang, famoso e respeitado por criar uma China unificada, com importantes reformas políticas (apesar de sua fama de tirano), iniciou a construção de seu mausoléu em, aproximadamente, 246 a.C.. Para protegê-lo em sua vida pós morte, decidiu que queria um exército em tamanho natural, feito em terracota, e que seria enterrado junto com ele. Estima-se que mais de 650 mil trabalhadores fizeram parte deste mega projeto. Aliás, foi ele quem iniciou a construção da Grande Muralha.
Em 1974, alguns agricultores, na tentativa de escavar um poço artesiano, encontraram a área. 

O Museu que abriga as esculturas é um sítio arqueológico muito importante, de colaboração internacional, em que muitos cientistas estão baseados para estudo e restauro das peças. Chegando lá, nos deparamos com três pavilhões que cobrem as escavações, visando preservar as peças e proteger o solo onde ainda muitas esculturas estão enterradas. 

As áreas estão divididas em setores, sendo o maior a da armada principal, o segundo o da cavalaria e infantaria e o terceiro, com menos figuras, o de generais e comandantes. Ao visitar o sítio arqueológico, muitas pessoas param no primeiro pavilhão, o maior, sem se atentar à importância dos outros dois, sendo que um deles, inclusive, mostra a parte ainda não escavada. 
O Exército é composto por guerreiros (soldados e oficiais distintamente caracterizados), portando armas reais como espadas, arcos  e lanças (forjadas em bronze), além de cavalos e carruagens, impressionando pelos detalhes, grandeza e beleza! As estátuas foram construídas em tamanho natural, com altura média de 1,78m, e pesando 160kg. Cada uma com sua expressão única, uma pose diferente da outra, dando-lhes identidade. Estão posicionadas estrategicamente, em um alinhamento inacreditável. Algumas estão intactas, outras conseguiram ser muito bem restauradas,  mas grande parte foi destruída em guerras passadas, havendo indícios de arrombamento da tumba e saque aos tesouros enterrados ali. Na ocasião, fogo foi ateado às galerias visando destruir os guerreiros. Um terremoto na China em 2008 danificou uma parte das esculturas já expostas.

Mais de 8 mil guerreiros, 130 charretes, 520 cavalos de guarda estão colocados ali, segundo os cientistas e somente 1500 figuras foram desentarradas. Como eram detalhadamente pintadas (sobre uma camada de laca) com as tintas mais naturais disponíveis na época, as estátuas perdem a cor em cerca de minutos após exposição à luz, poluição e outos agentes. Por isso, as escavações foram suspensas e estudos estão sendo realizados para encontrar uma forma e tecnologia para preservar as figuras ao retirarem-nas do solo. 

A tumba do imperador, nesta mesma localidade,  fica perto de uma 'pirâmide' de terra com 47m de altura e 2,18 km2 de área e ainda não foi possível explorá-la visto que há um grande risco de deslizamento de terra e, consequentemente, danos ao patrimônio histórico ali enterrado. Foi construída próximo à montanha Lishan por ser um excelente ponto de "Feng Shui".

Uma curiosidade interessante é o fato da descoberta acidental destas esculturas. Ao tentar cavar o poço e se deparar com partes de uma das estátuas e, depois, com artefatos de bronze, o camponês Yang Zhifa, que havia servido o exército antes, se deu conta de que podia estar diante de uma descoberta histórica, pois era de conhecimento dos aldeões que o túmulo do imperador era próximo ao vilarejo deles. Com isso, ele informou as autoridades locais e os estudos se iniciaram. 

O sr. Zhifa foi 'reconhecido' por este ato e posteriormente contratado pelo museu como "personalidade" fundadora do local, uma espécie de curador. Sua família também foi incorporada ao staff do sítio arqueológico e muitos estão trabalhando no restauro das figuras. Ele faleceu em 2018. 
Uma visita que vale a pena fazer sem pressa para admirar a beleza histórica do local, bem como das peças, e, assim como em outras partes do mundo, pensar no que aconteceu ali, em uma era tão distante, e que você está tendo o privilégio de conferir. Eu não conhecia esta história em detalhes, e você? 
Espero que gostem... deixe seu comentário! :-) 
*Todas as fotos aqui utilizadas foram tiradas por mim.






esta é minha preferida! os detalhes impressionam....

A guia deste cavalo é original. Só foi trocado o cordão que une as peças 

Área de estudos e restauro












Seção ainda não escavada


















 





quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Nanjing - China - Memorial às Vitimas do Massacre de Nanjing

Em Nanjing, um dos lugares em que estivemos foi o Memorial às vítimas do Massacre de Nanjing. Assim como Auschwitz, na Polônia, tem o campo de concentração mantido para lembrar o mundo das atrocidades cometidas pelo regime nazista de Hitler, a China construiu este memorial para lembrar o horrendo massacre cometido pelas tropas do exército imperial japonês durante a ocupação iniciada em dezembro de 1937. Nesta ocasião, mais de 300 mil chineses civis foram mortos de forma brutal e massacrante na invasão da cidade de Nanjing, então capital da China.


Não contentes em tomar a cidade, passaram a assassinar homens das formas mais perversas e estuprar mulheres e crianças sem distinção, estabelecendo, inclusive, competições entre as tropas. Tanto que o evento, na história,  é conhecido como o “estupro de Nanjing".

 
O museu, de instalações modernas e espaçosas, abriga três sessões principais. Na parte externa, na entrada, você já se depara com esculturas que simbolizam os cidadãos fugindo do horror. Uma mãe desesperada, com seu pequeno filho morto nas mãos, recepciona os visitantes no portão. Para quem já visitou campos de concentração na Alemanha, como eu, a sensação é a mesma. Projeções e fotos da época, numa construção moderna que foi recentemente renovada, ilustram e contam os fatos históricos. Tudo muito bem organizado e também no idioma inglês. Em um prédio anexo, um sítio com partes de escavações do local mostram esqueletos de milhares de pessoas que foram enterradas ali, muitas das quais  ainda vivas.
 
O memorial é um local para reflexão e questionamento do que uma guerra traz de ruim às pessoas, aos países, ao mundo. Estando ali, é impossível não se imaginar no local à época do acontecimento. Outra exposição traz fotos de pessoas idosas, sobreviventes desta guerra insana, que contaram suas experiências ao mundo.

 
Na história da cidade, vários estrangeiros, os quais não eram assassinados pelos japoneses por questões políticas, ajudaram a esconder muitos dos chineses, que sobreviveram. Essas pessoas, mais tarde, receberam condecorações pela ajuda heroica prestada. Todo ano, em dezembro, há uma cerimônia em que o Presidente da China presta homenagem aos mortos nesta triste chacina.
 
Na saída, ao término da visita, uma bela escultura em um monumento à paz se despede do visitante.
 
Um lugar muito interessante para se aprender um pouco mais sobre a história de guerras da China. A entrada é grátis. Para nós, estrangeiros, basta mostrar o passaporte e retirar os tickets na entrada do museu.





escavações com restos mortais no local onde foi construido o museu, que era uma vala onde milhares de pessoas foram enterradas  





sistema de arquivos de registro dos mortos 

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